terça-feira, 28 de março de 2017

Verdadeiramente Humano


"Sentem-se aqui enquanto vou ali orar".
Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
Disse-lhes então: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo” Jesus Cristo

A teologia se orgulha em dizer que Jesus Cristo era verdadeiramente Deus e verdadeiramente humano.

Isso significa dizer que podemos ser como ele: santos, ao ponto de vermos, sentirmos e demonstrarmos a essência de Deus em nosso cotidiano - sobretudo em um vida, expressa em amor.

Mas também significa, por outro lado, que podemos ser humanos, ao ponto de sentirmos de tudo: força, fraquza, dependência, angústia...

A questão é, se isso for verdadeiramente possível: como conseguimos viver assim, como ele viveu?

Não sei como conseguir isso, mas já me acostumei a crer que, caso seja possível, devemos encontrar o "mapa da mina" olhando a vida do Santo de Deus, que é Jesus.

No contexto do versículo, Ele estava angustiado, acho que apavorado, com a possibilidade, não só, de morrer, mas com a forma dolorosa de como iria morrer.

A Bíblia diz que ele se abateu, padecendo grave dor emocional e angustia psíquica - diante do enorme desafio espiritual, pois se aproximava a hora de colocar à prova tudo aquilo que ele vinha pregando.

Havia chegado para ele o momento de mostrar que era o filho de Deus. Ele sabia que se a morte não fosse vencida, de nada teria valido tudo o que fez. Tudo estaria acabado.

Somos assim mesmo, sempre sendo confrontados pela próxima pergunta, pela próxima dúvida, por "curvas sucessivas", que obstruem a nossa natural fome por respostas diretas e claras. Respostas que nos dêem a sensação natural de segurança e paz.

Entretanto, há uma pergunta que não quer calar: como alcançarmos esse tal estágio de "verdadeiramente divino" e "verdadeiramente humano"?

Bem, eu não sei, mas o santo mestre na hora H, no cume do seu grande desafio existencial, nos deu a fórmula de como agir.

Deus, Oração e Amigos.

Deus - Somos puro mistério, algo inconcreto e precisamos Dele - porção mística, cuja régua da razão não mede nem explica. O verdadeiro humano só será completo quando encontrar repouso e descanso em Deus, alimentando a fome pelo que é divino, presente em cada um de nós.

Oração – não é um instrumento psicológico, pois ela não deve servir para um autoconhecimento apenas – para isso já temos a psicologia, que nos estimula em direção a nós próprios. (Ingrata e hercúlea missão, de achar o nosso "gato preto, num quarto escuro, no qual não há gato algum").

Mas a oração serve para nos direcionar a Deus, pois somente Ele sabe tão profundamente sobre nós, ao ponto de nos auxiliar no autosaber. Sem isso, não encontraremos equilíbrio frente a nós próprios, nem frente ao próximo.

Amigos – Eles são fundamentais, espelhos sensitivos, falantes e denunciantes de nós mesmo. Mas também consoladores e sustentadores fiéis. Sem eles, seria impossível prosseguir na jornada em direção a Deus, a nós próprios e ao próximo.


Tranquilizantes, Netflix, celulares, tablets, redes sociais, roupas, passeios etc., são meras tentativas, todas legítimas, para alcançar o conforto constantemente reclamado pela alma. Mas, segundo Jesus, infrutíferas. O verdadeiro humano somente se alcança com Deus, oração e amigos.