sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O Cristianismo e a Fénix



Avenidas corridas, ressoam incontido silêncio, fruto de tanta solidão.

Há uma nova gente reflexiva, politizada, libidinal, consumidora de todo prazer.


Prédios construídos sobre valores seculares, como pó de giz são dissolvidos pelos ventos do novo.

Mulheres famintas por igualdade, parecem envergonhadas por seu útero.

Homens cada vez mais descobrem que o pênis freudiano não responde tudo.

Deuses modernos: psicólogos e pedagôgos demonizam todo discordante.

O ético e religioso são ridicularizados pela mente funcional, essencialmente narcísica.

Desenha-se uma sociedade desalmada, polarizada entre os felizes e os excluídos.

O cristianismo não está em crise, mas, sim, a sua performance.

As orações veem historicamente das catedrais, mas, agora, também das sinagogas, terreiros, abadias, tendas e de tantos outros becos.

Brinco com duas crianças, uma delas filha de duas mães e outra filho de dois pais.

O cristianismo não está em crise, mas, sim, seus seguidores.

A praça cheia dos habituais casais, idosos, crianças e as negras babás.

Olho mais atentamente e vejo gente habitante fora de mim, que me desafia a me reinventar.

Chefas de família, jovens liberais, pastores milionários, homos, metrosexuais, desigrejados, pró cannabis sativa, políticos sorridentes e muitos, muitos invisíveis.

O cristianismo não está em crise, mas, sim, o sistema religioso desacostumado com próximos distantes.