" ... pai, por que me desamparaste? " Jesus Cristo

Não há nada, não há o outro, não há existência para além de si.
O corre-corre defendido como essencial pela sociedade tecnológica, competitiva e niilista, afasta o assombro dos "demônios" do vazio e da solidão, que inevitavelmente nos estremecem para proporcionar reflexão e mergulho em direção ao centro do ser, fazendo inveja a Julio Verne.
O verdadeiro e profundo amor só é possível de ser encontrado e experimentado quando este nasce genuinamente das profundezas da solidão.
A solidão nos permite enxergar todo amedrontador cenário do reconhecimento de quem de fato somos e do que somos capazes e incapazes de ser.
A solidão não se distrai com luzes sedutoras, corpos inebriantes, mas opta em ser sisudamente focada, silenciosa, pouco ou quase nada simpática.
Ela assemelha-se a uma sala espelhada, de tal forma que nos vemos inevitavelmente, seja onde estivermos.
Depois de esgotadas as técnicas de defesa, a solidão nos imobiliza e nos leva à rendição e admissão de que precisamos de algo, precisamos de ajuda, precisamos de ser e do Ser.
O amor de Deus não precisa ser chantageado por nossas habilidades.
O amor do Pai não se sente menos ou mais interessado frente ao que lhe possamos oferecer de atraente e lucrativo.
O amor do Eterno não é um jogo de vantagens, nem se supre por ações meritórias ou exemplar caráter.
O genuíno amor do Pai de Jesus Cristo se sente interessado pelo o que há de mais profundamente assertivo em nós, seja fétido ou não.
O amor de Deus só se sente à vontade quando é convidado a se sentar ao chão e depois de muito papo , humanidade em plena exuberância, lhe apresentamos tudo que foi gerado no útero da solidão.
Àqueles que procuram e querem experimentar o profundo, genuíno
e verdadeiro amor, lhes sugiro: sejam!
Para isso, basta corajosamente ficarem sós, absolutamente transparecidos e radicalmente revelados à Deus.