“...
o seu reinado não terá fim...” (Lc 1. 26-38).

Bateram na
porta, deve ser um conhecido, amigo ou parente.
Insistentemente o toc-toc chega
a incomodar, revelando, seja lá quem for, a ansiedade do provável bem-vindo.
Abri, para
finalmente checar e dar fim ao importuno barulho de madeira seca na manhã
silenciosa do dia 25 de dezembro.
Arrepio-me
todo só em narrar o episódio; assusto-me ao relembrar e pensar o que senti ao
vê-lo.Quem era?! O Anjo Gabriel. Disse que escolheu nosso lar por pura sorte, coisa de anjo distraído.
Gentilmente me pediu para entrar, fechou as asas a fim de passar pelo umbral da porta da sala.
Com uma
mistura de pavor e admiração, espanto e curiosidade, sentamos todos à roda do anjo
amigo que, ora em pé, ora sentado, ora voando, ia dizendo com indisfarçável
vibração as suas muitas histórias a serviço do Todo Poderoso
De repente Gabriel mergulha num lago profundo, a que só ele teve acesso. Para de sorrir e revela uma face de preocupação e intensa angústia. Fez silêncio, e voltou a contar em tom mais sóbrio de sua missão na terra
De repente Gabriel mergulha num lago profundo, a que só ele teve acesso. Para de sorrir e revela uma face de preocupação e intensa angústia. Fez silêncio, e voltou a contar em tom mais sóbrio de sua missão na terra
“Sabe o que
é?” – afirmou perguntando –, “sinto medo só em pensar” – falou em tom de
excitação. Disse-nos que precisávamos fazer algo; convencer as pessoas a
convencer outras pessoas, a convencer tantas outras, pois do contrário, ninguém
mais, em poucos anos, iria saber quem era Gabriel, Maria, José, os magos,
manjedoura ...
Nesse momento ele parou e chorou copiosamente
Acho que ele
não teve coragem de admitir, ou mesmo imaginar como seria a terra, a vida, a
gente, sem a lembrança de Jesus no Natal
Minha mãe lhe
serviu biscoitos caseiros, apesar de Gabriel dizer que acabara de iniciar um
regime celestial. “Ah!” – disse ele, “é Natal!” – E todos riram de seu gesto maroto
e levemente moleque
As horas
voaram e literalmente ele voou de volta e deixou-nos mergulhados em profundo e
revelador silêncio, como fez com Maria, muitos anos atrás, apenas nos deixando uma
bela, emocionada e singela mensagem: Natal é Jesus, e Jesus é Natal.