terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ouvintes, seguidores e servos

 
 
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15:8 RA)
É uma pergunta que se coloca já há muito tempo: quem, de fato, está disposto a ser servo de Jesus Cristo?
O apóstolo Paulo faz um comunicado radical aos gálatas, ao dizer que, se agora pertencem a Jesus Cristo, sob nenhuma hipótese podem se parecer com o que viviam e apresentavam antes de conhecê-Lo. O que equivale a dizer que Cristo é um divisor de águas na vida daquele que o segue. Talvez isso explique um grupo de pessoas que são afeiçoadas a Jesus Cristo, até mesmo membros da igreja, mas apenas são seus ouvintes, nada além disso. Não apresentaram marcas em seu caráter que os possam identificar com aquele que anda sobre as águas. Não encontram Nele local de dependência e suprimento, mas apenas uma inspiração, como alguém que se emociona ao ver um bom filme, ou vibra com a torcida do fim de um campeonato de futebol, apenas isso.
Caminhando com o Senhor, às vezes mais próximo, às vezes mais distante, ao longo de todos esses anos, testemunhei um grupo de irmãos que apresentaram suas vidas, disponibilizaram tempo, se envolveram, dedicaram seus valores financeiros, mas não passaram disso. Talvez lembrem aqueles que descem o vidro de seu carro e doam um valor ao pobre habitante do sinal de trânsito. Ou mesmo aqueles que no dia 27/09, dia de Cosme e Damião, saem à busca de crianças que, ao longo da rua, se acotovelam aguardando o carro cheio de doces descomprometidos. Sim, esses irmãos curiosamente dedicam algo significativo para eles, mas que não os comprometam; algo que ajuda o avanço do reino de Deus, mas que não obstrua o avanço de seus planos pessoais.
A esses eu identifico como seguidores de Jesus parecidos com Nicodemos. Dispostos a se aproximarem de Jesus, mas não a ponto de se tornarem cúmplices viscerais. Apenas alguém que lembre Pilatos, que, ao contrário do que se afirma, não condenou Jesus; apenas se alinhou à maioria e decidiu ajudá-Lo, mas não a ponto de se prejudicar.
O velhinho João, amigo chegado do Mestre, possuidor de lições de vida e paz, registra em seu belíssimo livro que Jesus declarou que aqueles que o amavam, por certo cumpririam seus dizeres, acolheriam suas orientações, comprometer-se-iam com seus sonhos espalhados como sementes ao chão. Esses tais cumpridores de seus mandamentos, a meu parco ver, são os servos de Jesus Cristo; são imantados por algo sobrenatural, o olhar do mestre os emociona sempre, vê-Lo chorar de tristeza por nossos equívocos é absolutamente perturbador.
Os servos são aqueles que sentem nada ter, mas, como mordomos, compreendem que devem zelar e aplicar da melhor forma o melhor que têm, pois isso é agradável ao seu Senhor.
Esses tais servos vivem tão espontaneamente como se nada lhes pertencesse: filhos, família, dinheiro, talentos, poder, prestigio. Nada é seu, mas tudo procedente do coração daquele através de quem vivemos, nos movemos e finalmente morremos. Pois sem isso seria o mesmo que pintar o céu de roxo, ou impedir os pássaros de cantar brindando a bênção de mais um dia, ou de se despedir dele ao final da tarde.
O que você acha? Onde você sinceramente se encontra: ouvinte, seguidor ou servo?
Rev. Marcos Amaral

sábado, 13 de outubro de 2012

 

Apenas Humanos

"Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó." Sl 103.14


Medo, é o susto ao compreender que se é finito e passante.

Coragem, é reconhecer o medo, mas não ao ponto de congelar, mas seguir em frente.

Sabedoria, é compreender a importância do dificílimo exercício entre falar e ouvir.

Tolice, é cortar os ouvidos e colocar línguas em seus lugares.

Alegria, é aceitar de verdade que Deus nos ama radical e integralmente.

Humildade, é perceber quem somos e o quanto somos assustadores.

Arrogância, é ter de 3 a 8 anos de idade ao longo de toda existência.

Felicidade, é o impulso vicioso de querer continuamente compartilhar.

Infelicidade, é a satisfação da conquista que nos atende, nos projeta e nos favorece.

Deus, é ter a absoluta certeza de não sabê-Lo, mas a primitiva certeza de pertencê-Lo.










sexta-feira, 12 de outubro de 2012


Amor & Sexo
 
 
 
 
Tenho recebido e-mail, ligações e manifestações de apoio, bem como de posições contrárias e de absoluta veemência quanto minha segunda participação no programa Amor & Sexo da Rede Globo de televisão.

Minhas aparições televisivas começaram recentemente, em setembro de 2008, quando participei da 1ª marcha contra a intolerância religiosa. Movimento civil, que busca conquistar um ambiente social de respeito e tolerância entre os variados seguimentos religiosos de nosso país. É importante frisar que esse movimento não tem relacionamento com ecumenismo, diálogo inter-religiosos. Mas, e tão somente, é algo que nós protestantes presbiterianos sabemos bem o quanto é caro, uma vez que em momentos da história foi nosso principal clamor frente às muitas perseguições que sofremos, e ainda as ocorre, dentro do próprio país.

Fomos recebidos pelo presidente Lula, à época o líder maior da nação, bem como tive a responsabilidade de dar entrevistas televisivas, em revistas e jornais, me dando uma visibilidade incalculável e associado a um público que culturalmente nós evangélicos temos absoluto antagonismo, o que me custou processualmente muito desgaste e acusações. Entretanto, volto a frisar que esse movimento é civil, cidadão e diz respeito a algo absolutamente afeito ao cristianismo, ou seja, respeito e direito à liberdade de expressão, opinião e credo.

A partir de 2011 passei a gravar participações no programa Sagrado, veiculado pelo canal Futura e Rede Globo de Televisão, quando também aí recebi inúmeras manifestações de apreço, mas também afirmações contrárias à minha exposição e defesas teológicas.

Ano passado em 08/12 foi ao ar minha participação no programa Amor & Sexo, e ao contrário do que esperava, ainda que tenha recebido agudos confrontos por e-mail, recebi um incontável número de expressões de dentro e fora do país, manifestando sua alegria em ver um pastor presbiteriano em tal posição e comunicando o evangelho frente a temas tão desafiadores.

Dia 04/10, portanto, semana passada foi ao ar minha segunda participação no programa Amor & Sexo.

Nunca me furtei à consciência do risco que isso representa, ou seja, estar em lugar incomum a um religioso, sofrer análise fria de meus irmãos presbiterianos espalhados por todos os cantos do Brasil, que naturalmente poderiam, como ocorre, fazer avaliações, havendo a possibilidade de minha vida ser resumida à análise de alguns minutinhos de televisão.

Desde 2008 tenho sofrido agressões, variadas injúrias, calúnias e difamações, e ainda que absolutamente contundentes, não expressam a verdade, sem nunca ter recebido uma única ligação para me perguntarem de forma sincera e transparente sobre o que achavam.

Listo abaixo algumas das muitas acusações públicas em sites, blogs, jornais virtuais, e-mail replicados para centenas de pessoas.

1.       Defensor do candomblé e umbanda

2.       Pastor ocultista

3.       O braço do PT dentro da religião em defesa dos macumbeiros.

4.       Queridinho da Globo

5.       Pastor liberal e defensor dos Gays

6.       Pastor Liberal

Por favor, me permitam me apresentar, sou Marcos Antonio Gomes Amaral, 51 anos, dos quais 43 anos na igreja presbiteriana. Amo minha igreja!

Sou casado, tenho dois filhos, 27 e 24 anos, ambos membros de minha igreja, jovens atuantes, músicos e dedicados ao Senhor.

Sou formado no Seminário Presbiteriano do Rio de Janeiro em 1989, ordenado ao sagrado ministério no ano seguinte pelo presbitério de Madureira.

Sou graduado em Psicologia, mestre em teologia, Pós-graduado em Filosofia Contemporânea.

Sou presidente do Presbitério de Jacarepaguá e também presidente do Sínodo Guanabara que abrange mais de 50 igrejas incluindo congregações.

Sou pastor há 22 anos, tendo pastoreado apenas duas igrejas: IP de Bento Ribeiro, 1990 a 1995; IP de Jacarepaguá de 1996 a atualmente.

Profissionalmente sou professor universitário, psicólogo clínico, professor e tenho três livros publicados.

Nunca sofri nenhum processo eclesial, nunca sofri qualquer suspeição dos concílios por onde passei, nunca estive envolvido com a mais leve névoa de problemas de fundo teológico, confessional ou administrativo.

Faço aqui uma pergunta sincera, e direta:

Parece ser esse o caminho, o currículo de um pastor liberal, harmonizado confessionalmente com a umbanda e candomblé; defensor da causa gay?

Minha participação no programa Amor & Sexo, quando perguntado sobre a criação do filho por uma dupla de homens homossexuais, disse claramente que a igreja só aceita família estabelecida por um homem e uma mulher, mas em contra ponto também provoquei a reflexão sobre o que fazer quando esses parceiros não aceitam a palavra da igreja, e essa foi minha linha de pensamento, o que fazer? Demonizá-los, dar às costas, buscar aniquilá-los?

Quando disse: Deus os abençoe, não expressei concordância com o vínculo da homossexualidade, o que naturalmente seria anti-bíblico, mas manifestei o desejo da graça, misericórdia, visitação do Senhor, pois o nosso papel é convencer os que nos contradizem, mas nunca demonizá-los, amaldiçoá-los, aniquilá-los.

Expressei o exercício do amor cristão, que não deseja a maldição sobre as pessoas, sejam elas quem for, venham de onde vierem. Lc 9.54-56

 Diante disso tenho sido lido como alguém que defendeu o casamento  homossexual, o que não traduz a verdade e nem tem haver com minha prática de vida e ministério.

Devo esse texto, especialmente para não parecer indiferença com os que têm se levantado a me criticarem, bem como para reafirmar minhas convicções reformadas e cristãs, fundamentadas na tradição bíblico-cristã.

Não pretendo mais me defender por esse instrumento, é inócuo diante de quem não tem ou não quer ter ouvidos, e reduz a vida em um cenário, verso ou em alguns gestos.

 

 

Rev Marcos Amaral